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Fico besta com quem perde a compostura por não gostar de algo ou alguém: tão mais simples desconectar. Não ouça, não leia, não prestigie. Dê atenção ao que tem sintonia com você. E toque sua vida, sem agredir.

Martha Medeiros
Crônica "Coração Vagabundo", 2010.

Nota: Trecho da crônica "Coração Vagabundo" publicada no Blog de Martha Medeiros no Donna, a 9 de janeiro de 2010.

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O amor aos cães
costuma ser acompanhado
por uma certa perda
de confiança no homem

(Crônica Homens e cães, do livro "Montanha Russa")

Poucos são os que tem privacidade para ficar tristes. Nesse mundo de vigília e patrulha constantes, é um luxo poder sofrer sem ter ninguém nos observando.

Martha Medeiros
Coisas da vida. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2009.

Nota: Trecho da crônica O primeiro quarto.

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Uma mulher quer paz. Uma mulher quer ler mais, viajar mais, conhecer mais. Uma mulher quer flores. Quer beijos. Quer se sentir viva.

Incertos são nossos amores, e por isso é tão importante sentir-se bem mesmo estando só.

Eu definitivamente não consigo me desligar das pessoas. Todo mundo é meu pra sempre, mesmo que seja eu quem tenha ido embora.

Sempre fui sentimental e nunca levei adiante relações em que não estivesse emocionalmente envolvida, e por mais que eu pareça ser durona, é apenas fachada. Só eu sei o quanto já sonhei em ser uma princesa resgatada da torre de um castelo.

Todos temos nossas dores de estimação. O que nos diferencia uns dos outros é a capacidade de conviver amigavelmente com elas.

É preciso se expôr sem medo de dar vexame. É preciso colocar o trabalho na rua. É preciso saber ouvir um não e, depois de secar as lágrimas, seguir batalhando. Arriscar, é o nome do jogo. Muitos perdem, poucos ganham. Mas quem não tenta, não tem ao menos o direito de reclamar.

A vida segue acontecendo nos detalhes, nos desvios, nas surpresas e nas alterações de rota que não são determinadas por você.

Tudo o que nos invadiu com intensidade, tudo o que foi realmente verdadeiro e vivenciado profundamente, não passa. Fica. Acomoda-se dentro da gente, e de vez em quando cutuca, se mexe, nos faz lembrar da sua existência.

Casada, três filhos, arquiteta
não foi vista tomando um campari
na companhia de um turista alemão

Senhor respeitável, discreto, comprometido
não foi apanhado em flagrante
com uma morena gostosa sem sutiã

Filha de deputado, 17 anos, namorado firme
não foi surpreendida nos braços de outro
quando deveria estar na aula de inglês

Senhora decente, viúva, cinquentona
não foi alvo de comentários
por hospedar na sua casa o marido de alguém

Fidelidade é não contar nada a ninguém

Desatar os nós que enlaçam atos e motivos. Fazer as coisas por impulso.
Por que?
Porque às vezes é bom a gente mostrar pra si mesmo quem é que manda aqui.

Tentamos superar uma dor antiga e não conseguimos. Procuramos ficar amigos de quem já amamos e caímos em velhas ciladas armadas pelo coração. Oferecemos nosso corpo e nosso carinho para quem já não precisa nem de um nem de outro. Motivos nobres, mas os resultados são vexatórios.

Não me arrependo de nada
que tenha alcançado as coxas
não nego coisa alguma
que passe perto do coração
se fiquei roxa
foi porque teve ação.

Suporto tudo nessa vida, menos as fases transitórias, aquelas onde já abandonamos o lugar em que estávamos mas ainda não chegamos aonde queremos.

Vai ou fica? Arrisca ou espera? Aceita ou recusa? Que o destino, de vez em quando, decida por nós. A gente merece uma trégua.

Necessidade de amar x necessidade de desejar.
Os românticos recusam-se a reconhecer as diferenças entre uma e outra.
Os galinhas agarram-se a essa justificativa.
E os moderados tratam de administrar essa arapuca.

Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto.

A ninguém ofereço meu vinho branco
Não empresto minhas roupas mais caras
E são só meus os meus segredos.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Poesia Reunida. Porto Alegre: L&PM, 1999.